Muito dos problemas que existem no Brasil, principalmente nos últimos 10 anos se dá pela sua hiper tolerância ao que é errado e ao improviso. Sim, o brasileiro em sua grande maioria não tem o hábito de reclamar de nada quando vê algo errado, é comum entre nós quando alguém faz isso ser tachado pejorativamente de “pessoa sistemática”.
Ah, fulano não tolera improvisos, é sistemático…

Dizem isso como se fosse algo reprovável, ruim e desnecessário sempre em tom de menosprezo. Nós brasileiros NÃO gostamos, ou por medo de conflito com o outro ou por conveniência própria, de seguir algumas regras, nós como vivemos em um país precário e católico acreditamos que sofreremos retaliação divina ou humana se cobrarmos uma postura correta daquele que nos cerca. Daí usamos aquela famigerada frase:
“– A gente nunca sabe o dia de amanhã, não é mesmo?”
Frase essa que é usada como um álibi moral, uma desculpa para disfarçarmos a nossa covardia e tolerância com quem propaga o desvio do correto, na desculpa de sermos bons para Deus e outras entidades sobrenaturais nos pouparem da desgraça assim como poupamos os erros do que nos cerca hoje. É uma camaradagem!
Como a gente tem medo de ser cobrado ou punido no dia de amanhã, então a gente deixa tudo frouxo hoje, afinal onde todo mundo erra, todo mundo tem o “telhado de vidro” pra ser atacado posteriormente por alguém ou algum ser que causamos sanha hoje.
Você vê essa cultura se espalhar como vírus em tudo hoje em dia.
Ontem mesmo eu vi uma situação que exemplifica bem isso no Brasil: em São Paulo no final de ano, algumas ruas são interditadas para a tal corrida de São Silvestre, então alguns agentes da CET colocam faixas e grades em alguns lugares para que a movimentação de carros não ocorra. Pois bem, eu vi um carro de luxo não respeitando essas faixas e percorrendo uma rua interditada tranquilamente, passando raspando naquelas faixas pretas e amarelas de proibição, quando lá na frente o agente da CET viu e ao invés de aplicar uma multa, cordialmente ele orientou o proprietário do carro de luxo a andar em uma outra faixa da rua, CONTRA MÃO, na frente de vários outros agentes da CET, o motorista andou na contra mão em lugares interditados com a anuência de quem deveria coibir essa ação. Minutos depois, numa outra rua que também havia sido interditada para a São Silvestre, um motorista de ônibus de forma educada desce do próprio ônibus que conduzia e pergunta ao agente como ele faria para chegar na AV. Angélica, sendo que as vias normais para se chegar lá estavam interditadas. O agente da CET dessa vez foi rígido e disse que essa informação quem deveria ter passado ao motorista era a SPtrans e não ele, e que o motorista se virasse!

Veja, assim é o Brasil: flexibilidade máxima para quem tem poder e se virar para quem não tem poder de retaliação. Além disso, é comum em São Paulo, alguns eventos mirrados e bestas que não justifica interditar caminhos que são rotas de ônibus e o motorista junto com os passageiros é que têm que se virarem no improviso. E o pior, ninguém reclama, ninguém protesta, tá tudo muito bom como tá…
A sensação que se tem que reclamar pelo o que é certo no Brasil / São Paulo é nadar contra a maré.
Em São Paulo mesmo reza a lenda que os bares, lojas e outros estabelecimentos comerciais devem parar de fazerem barulho na rua às 22h, mas ultimamente, não sei se por conta da mudança do eixo magnético na terra ou algum evento galático, muitas pessoas estão trocando o dia pela noite, o que na prática quer dizer começar tocar som no último volume das 21h até às 5 da manhã do outro dia. A polícia mata no peito e não faz nada, a GCM também mata no peito e faz a egípcia, em resumo, todo mundo finge que não vê e foda-se. O legal é que o crime notando esse clima de casa da sogra lucra horrores com viciados travestidos de mendigos que saem por aí roubando celulares, fios e tudo que for possível para converter em dinheiro pra comprar crack, claro, ninguém reclama, todo mundo cai no conto de que todo viciado é mendigo e que por isso não tem o que ser feito a não ser recomendar tratamento, como se o SUS tivesse fôlego pra tratar a safra de drogados que a permissividade anda ajudando a criar.
As estações de metrô também é um bom exemplo disso, em São Paulo as linhas parecem terem sido criadas pra lotar: cheias de interligações, centralização e morosidade quando se mais precisa, as vezes acontece de um trem passar totalmente vazio por não parar e outro totalmente lotado, ou seja, a lógica de descobrir um santo para cobrir outro, além disso os seguranças das linhas, hoje em dia, parecem revezar de estações, tem dias que estão aos montes em uma única estação, tem dia que não existe um, logo um monte de viciados vai agora dormir dentro das estações, pedir dinheiro ou roubar na boca do caixa onde compra a passagem, lugar onde o cidadão se encontra mais vulnerável por ter que tirar o dinheiro do bolso para comprar o bilhete na frente de pedintes, viciados e criminosos. Sim, mas ninguém reclama, ninguém protesta, todo mundo acha tudo normal, até mesmo quando meliantes com boné, gorro e fazendo cara de perigosos, pulam a catraca na cara larga. Todo mundo acha normal! Sem falar daquelas lojas malditas dentro do metrô que forçam você a sentir aquele cheiro de bunda suada fedorenta daqueles pães de queijo do inferno, você chega a ter vontade até de vomitar, a ventilação por se estar debaixo da terra não consegue dispersar aquele fedor mas alguém reclama? Não!
O povo brasileiro é hiper tolerante com tudo! Chega a ser assustador!

Não é nem o caso da pessoa estar fazendo um crime escondido na calada da noite onde você não pode ver, é diferente, a coisa acontece na cara de todo mundo mesmo e ninguém faz nada! E é capaz de se fazer, a TV cair matando dizendo que é intolerância e mais um monte de bobagens que a mídia vagabunda adora falar para parecer boazinha e imparcial com os tontos.
O trânsito eu não preciso nem falar: tradicionalmente motos não respeitam regra de trânsito alguma, pra elas é tudo facultativo. Hoje em São Paulo é a coisa mais trivial do mundo uma avenida qualquer ficar com farol quebrado por meses, os nossos “pobres” viciados que dão milhões de reais de lucro ao mercado das drogas que só faz expandir seus usuários, roubam os fios e peças dos faróis para venderem nos lixões, então os faróis param, ninguém reclama, carros e pedestres dão o famoso e nojento jeitinho brasileiro para um não colidir no outro e assim a vida se vai, ninguém reclama, ninguém protesta, todo mundo acha tudo normal, parece que o povo anda bebendo Rivotril e Voltarem na água, não é possível!
Em São Paulo, devido as políticas equivocadas de combate às drogas que procuram apenas adivinhar quem é o misterioso traficante hipotético para prendê-lo um dia ao invés de se prender quem faz a orgia romana das drogas na cara de todo mundo, cada vez mais pessoas vão pras ruas para usarem drogas, defecarem e transformar tudo em lixo, todo mundo acha normal, e ainda por cima têm uns barzinhos de classe média em Higienópolis e Itaim Bibi que quando sofrem arrastões de roubos de celulares, se assustam se indagando o motivo disso ter ocorrido… Mesmo assim ninguém reclama, ninguém age, não existe mais testosterona nas pessoas ordeiras, os machos desapareceram e está tudo entregue ao improviso, ao caos, ao hedonismo e à malandragem, ninguém solta a mão de ninguém, afinal, nunca se sabe o dia de amanhã, não é mesmo ?