Splinternet é um conjunto de mecanismos e práticas que um estado faz para ter a possibilidade de ter a sua própria internet separada da internet global como conhecemos, isso ajuda ao mesmo tempo o estado ter uma isonomia tecnológica maior e ao mesmo tempo também permite que ele tenha um maior controle do que pode ou não ser feito pela sua rede. O ocidente que em sua crise de identidade eterna se inspira apenas em valores norte americanos para qualquer assunto, classifica a splinternet de forma pejorativa como sendo uma prática de países autoritários, entenda-se autoritários países que se recusam a abrirem mão dos seus valores e costumes para aplicarem aquilo que os Esdados Unidos da América acham que é certo em suas políticas e economia.

A ideia preconizada no combate à splinternet é que ela não é totalmente livre e pode ser controlada por países ditos autoritários e em contrapartida a internet comum é totalmente livre e podemos fazer aquilo que quisermos, além de não ser centralizada. Bom, a primeira parte dessa afirmação pode até ser verdade, mas daí afirmarmos que a internet como conhecemos é totalmente livre, descentralizada e podemos fazer o que bem quisermos nela, é uma mentira usada só para antagonizar os tais país autoritários, levando a você crer que esses países são do mal e a américa é do bem.

Veja, a internet nasceu do setor militar norte americano, era chamada de DARPANET, depois se expandiu para universidades daquele país virando o que é hoje, por isso é natural que os Estados Unidos, por mais que afirmem que a internet é descentralizada, ele comanda boa parte dela, inclusive objetos tecnológicos como roteadores e servidores. Repare que 10 dos 12 servidores raiz de DNS (sistema que a grosso modo troca o www e o nome do site que você digita por números e pontos conhecido pelo nome de IP) da internet, são norte americanos, negar que se os Estados Unidos quiser, ele pode tirar um site do ar da maioria dos países usando esses servidores, é uma ingenuidade temerária. Em 2022 ficou mais que provado que os norte americanos investem bilhões de dólares em desestabilização de outros países inimigos deles, veja o caso da Ucrânia que recebeu quantias enormes de armas e dinheiro para provocar a Rússia e fazer com que o Nord Stream 2 fosse embargado pela Europa graças a ação russa que já era avisada há muito tempo caso a provocação continuasse: Os EUA e a UE sem lei alguma para isso autorizaram a confiscar bens de russos milionários pelo mundo a fora, além disso proibiram todos os tipos vendas para o mercado russo. Só isso já coloca em questionamento o quão confiável é depender de outros países para serviços tecnológicos? É saudável realmente ficar dependente de um outro país, ainda mais quando o país é tão belicoso e arrogante a ponto de se achar o xerife do mundo como são os Estados Unidos?

Em tecnologia é uma boa prática calcularmos todos os tipos de forças e fraquezas que nós temos, se ignoramos as nossas fraquezas estamos jogando com o azar, ter dependência total de uma rede que na prática é controlada por um outro país que não é o seu, é uma fraqueza, uma vulnerabilidade, afinal de contas países podem se desentenderem. É mais que preciso termos mecanismos para conseguirmos nos defender em caso de retaliação de um outro país, acreditarmos na bondade dos outros para nos mantermos íntegros é brincar com fogo e gasolina… Portanto é saudável termos um sistema de internet até redundante que não dependa dos outros mas que possa ser integrado aos outros.

Outra farsa também é achar que a sua internet só não é livre em países que não seguem os valores “democráticos” norte americanos, isso é uma mentira descabida que querem que você acredite só para antagonizar splinternet. Qualquer pessoa que conhece segurança da informação sabe que a Polícia Federal tem fama de ter aparelhos de espionagem instalados em centrais telefônicas e de internet que possibilitam qualquer pessoa ser espionada bastando, na melhor das hipóteses, ter autorização de um juiz para saber quem fez o que na rede. Agora na pior das hipóteses, nem ordem de um juiz é preciso…

Toda hora temos nas TVs e mídias autoridades dizendo com a boca cheia que a “internet não é território de ninguém”, você acha que isso é dito à toa? Você acha que o governo, se quiser, não tem como ver ou bloquear o que você vê na internet? Vejam o caso da Alemanha que é um modelo “democrático” europeu, se dentro desse país você baixar qualquer música por aplicativos indevidos, milagrosamente ou não, dias depois, você recebe na sua casa uma carta de um escritório de advocacia lhe cobrando uma multa. Você ainda acha realmente que splinternet é coisa só da Coreia do Norte??? Vejam Brasil: vira e mexe uma deidade qualquer do sistema judiciário decide bloquear o Whatsapp no território nacional e consegue! Você ainda vai me dizer que seleção de conteúdo na internet é exclusivo só de países onde tenham ditaduras assumidas? Recentemente no Brasil, um ministro do STF ordenou o bloqueio do Telegram por ele não fazer o que o estado mandava, ou seja, em qualquer governo onde a rede de computadores faça coisas que o ofenda, ele irá procurar se defender aplicando mecanismos de controle para impedir essas ofensas.

Olhem também o caso dos canais e sites de noticiários russos na europa, foram magicamente bloqueados com a desculpa de divulgarem propaganda russa, como se o normal fosse todo mundo só ter acesso à propaganda norte americana, onde isso é democrático? A democracia existe até onde os “democráticos” não se sentirem incomodados com a própria democracia que eles pregam!

Resumindo, em muitos países ditos democráticos o conteúdo que você acessa é vigiado ou bloqueado através de programas como os da NSA como XKeyscore, PRISM, Bvp47 e backdoors instalados em roteadores. Portanto, uma pessoa que prega qua slinternet é um perigo, na verdade ela tem a intenção de fazer com que você pense que só em países onde se tem ditaduras oficias ela existe, sendo que é mentira, todo governo minimamente moderno vai querer ter o controle da sua internet podendo usar isso para bons fins como se defender de serviços secretos estrangeiros como perseguir determinados cidadãos, se a perseguição é justa ou não, aí é outro assunto.

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