São Paulo de 2017 até 2022 tem virado uma cidade maloca, uma cidade albergue, todo mundo virando mendigo e as autoridades achando algo normal assim como uma planta que cresce num lugar estranho no meio da rua, ninguém liga. O pior é que uma coisa trás a outra, com o descaso com essas pessoas vem o descuido da cidade: plantas nascendo em concreto de viadutos, farois que não funcionam, placas de nomes de rua todas viradas ou arrancadas, virou o Madmax.

Com isso, sair à noite nas ruas de São Paulo virou uma forma de ser abordado de forma garantida, as pessoas que passam fome, os usuários de drogas, os doidos, os brincantes e os ladrãozinhos de merda chegam em você como uma revoada de cupins no verão.

Da selva alberguiana que São Paulo se transformou, o que é mais irritante é o malandro agulha, geralmente um cara entre os seus 19 e 26 anos que só sabe ouvir funk, fazer cara de ameaçador e se achar o perigosão só porque fala “tio”, “mano”, “parceiro”, “irmão”, “qual é”, “tá ligado”.

Geralmente essa raça é expert em arranjar assuntos que não levam de nada a lugar nenhum no meio da noite com você, o famoso “papo aranha” que muitos idiotas como nós caem.

Esses caras metidos a maladrões já causam repulsa e mal estar na forma em que eles falam com você, se a pessoa gosta de ajudar os outros, já perde a vontade de ajudar e recebe a vontade de descer a mão na cara de um cidadão desses.

E como eles abordam as suas vítimas? Usando o papo aranha que eu irei exemplificar abaixo:
O roteiro desses infelizes para puxarem assunto conosco na rua é sempre recheados situações incongruentes, sem pé e nem cabeça que não convence nem a mãe deles, é igual historinha que mulher quando trai o marido, conta quando é flagrada… Não bate! Não desce! Dá vontade de mandar a pessoa inventar coisa melhor ou simplesmente ir tomar no cu.

Hoje por exemplo, um cara com uns 24 anos, meio loiro que estava vindo em direção a mim na rua lá por volta das onze da noite, me chamou de “parceiro” [ Porra! Que ódio de gente que chama assim! “Parceiro” é marido de homossexual quando é tratado em hospital que faz transfusão de sangue, lá a primeira coisa que eles perguntam quando você é gay, é se você tem um “parceiro” pra ver ser pegou AIDS dele! ] e depois me perguntou onde era o Bradesco! Caralho! Por que um puto falando gíria, com cara de vagabundo e safado, vai sair à noite perguntando pros outros onde tem um banco Bradesco? Pra usar o Bradesco 24 horas? Se a pessoa procura um banco à noite, pedindo informação para os outros, tá na cara que nem dali ela é, se não é dali, o que está fazendo à noite na rua num lugar desconhecido procurando um? É turista? Um disco voador largou a pessoa lá? Ainda mais falando gíria porca de malandro paulista? Fica complicado achar que esse infeliz seja de outra cidade procurando ajuda para voltar pra casa, ainda mais vendo-se o jeito que ele ficou quando eu simplesmente apontei o dedo de onde ficava o tal banco pra ele mas lhe dando às costas em seguida, na verdade eu nem parei, se tivesse parado, ele iria imendar um assunto nada haver no assunto do Bradesco para no fim querer me roubar ou me “pedir” algo.

Outro dia me veio um outro vagabundo assim falando aquelas gírias imundas que eles usam pra dizerem que são “malandrões perigosos”, o infeliz usou a técnica de me coagir através da fala rápida e do medo, veio ele me perguntar como fazia para chegar ao fórum da Barra Funda, sendo que eu estava em Perdizes, era umas 23h30, caí na besteira de responder, pronto! Abriu rapport que o vagabundo esperava comigo.
Apontei ao marginal onde era o forum, o rapaz se irritou e me perguntou assim:
“Ah, mas como eu faço pra chegar lá! Como eu faço pra chegar lá!”
Eu comecei a me irritar, afinal eu não sou guia turístico e nem tenho talento e memória pra dizer “vire à esquerda, depois vire à direita e depois vai reto” , eu simplesmente aponto e os detalhes a pessoa que se vire!
Aí, para provar que a história desse povo é sempre sem pé e nem cabeça [deve ser porque usam drogas e escutam funk o dia todo] , o infeliz me perguntou se ali passava o ônibus Praça Ramos para ele pegar…
Foi quando o meu raciocínio lógico escapuliu pela boca e eu disse friamente na cara do bandido:
“–Pera! Você quer um ônibus Praça Ramos pra ir pro forum da Barra funda??????? Oi????”
O vagabundo fazendo cara de mau se enrolou todo, gaguejou mas não deixou o orgulho cair, me deu uma bronca usando de quinhentas gírias imundas e foi embora revoltado!
Ora! Quem conhece São Paulo sabe que ninguém pega Praça Ramos para ir pro forum da Barra Funda, não tem cabimento, ainda mais estando em Perdizes. O cara queria me usar pra parar ônibus pra ele ou me roubar, isso sim!

Teve outro dia também em que eu estava em Perdizes à noite, quando um vagabundo com cara de Exú, de pés no chão e me chamando de “irmão” [também tenho ódio que me chamem de irmão, não tenho irmão vagabundo!] , do outro lado da rua, me perguntou que horas era!
Caralho! Pra que um cidadão que não tem papel nem pra limpar o próprio rabo quer saber que horas são? Vai ter algum compromisso importante? Uma reunião de negócios ou se atrasou para ir ao emprego?
Ah, essa é mais velha que andar para trás: o vagabundo te pergunta a hora para você tirar o celular pra fora ou mostrar um relógio enquanto ele te toma da mão! Eu vou lá cair nessa?
Fiquei simplesmente calado, o ignorei assim como os moços heterossexuais ignoram gays quando são cortejados por eles. Simplesmente o ignorei. Então o meliante fez a linha de bravão e veio pra cima querendo ver o meu pânico, continuei olhando pra ele a ponto de quase rir da cara daquele idiota que estava se humilhando pra falar comigo, ele então chegou bem pertinho de mim, eu estava usando máscara, ele perguntou de novo que horas eram, cinicamente eu respondi bem baixinho mesmo, pra irritar: “–Não sei…”, ele se aproximou mais pra escutar o que eu falava e um ônibus quase o atropelou! Foi uma pena que não conseguiu! Uma pessoa dessas quando morre, agente sente o alívio refrescante de Kolynos!

Fica a dica: o vagabundo usa três formas de lhe controlar: coação, rapidez para deixar sua mente confusa (o buffer overflow mental) e sedução. E eu que sou um brincante amo sabotar todas essas estratégias!

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